Nota 28 – Assédio Institucional na Cultura, Tanto Bate até que Fura
Na nota técnica nº28 a Afipea traz luz aos ataques de assédio institucional sofridos pelo setor da cultura nos últimos tempos, com texto de autoria de José Almino de Alencar. Abaixo, uma pequena introdução:
A fúria destruidora da administração de Jair Bolsonaro dirigida contra as instituições culturais e ao aparato que protege e incentiva a vida cultural no Brasil tem método próprio. Não é difícil identificá-lo, embora mesmo os detratores instalados no governo não o reconheçam, uma vez que a incompetência faz parte desse método: em meio ao desmantelo induzido da cultura, também a inépcia, inerte ou ativa, opera e destrói. Refiro-me aqui em especial ao tratamento dado à cultura pelo “bolsonarismo”, seja isso o que for: um movimento sociopolítico, um amálgama de ressentimentos nacionais, uma súmula de elementos deletérios de nossa cultura – como o “cafajestismo” –, uma bravata de personagens autoritários e toscos que tomam a brutalidade como atributo da liderança, a exemplo do Chefão citado na epígrafe deste texto.
No que diz respeito à administração da cultura pelo poder público, à extrema direita “falta pessoal”, como faltava no Portugal de Eça de Queirós. O fato de não dispor de “pessoal” nem de linhas programáticas elaboradas para a cultura, entretanto, não impediu o governo Bolsonaro de liquidar as políticas existentes, interromper projetos e adulterar programas – intencionalmente, por omissão ou por estupidez. A falta de objetivos e de pessoas capazes deu lugar a várias iniciativas destrutivas, inspiradas ora por surtos ideológicos, ora por vagas de ressentimento contra os “privilegiados” que supostamente estariam se beneficiando de recursos públicos para se projetar no campo da produção cultural.