Neste 8 de Março, vamos lutar juntas!

Neste 8 de Março, vamos lutar juntas!

No Brasil, são conhecidas as desigualdades entre homens e mulheres na inserção no mercado de trabalho, tanto em termos de participação quanto de remuneração. São conhecidas, também, a desigualdade na ocupação de posições de poder político, particularmente em funções de representação legislativa e executiva (vereadoras, deputadas estaduais, senadoras, prefeitas, governadoras e presidência da república). Essas desigualdades no mercado de trabalho estão associadas ao trabalho de cuidado, função tradicionalmente encarregada às mulheres. O cuidado é um trabalho não remunerado e não valorizado pela sociedade, e que afeta a inserção das mulheres no mercado de trabalho.

No setor público, o ingresso por concurso daria a ideia de isonomia de tratamento, pela existência de critérios impessoais para ingresso e progressão nas carreiras. Estudos do próprio Ipea mostram que ainda que as mulheres constituam a maioria dos funcionários públicos nas três esferas de governo, elas estão sobre-representadas em funções de “cuidado”: professoras, enfermeiras, secretárias. Profissões que deveriam ser muito valorizadas, mas que na realidade são mal remuneradas.

Apesar de serem maioria, a média salarial das mulheres ocupadas no setor público é cerca de 25% menor que a dos homens, segundo dados do IPEA para 2017. São minoria em cargos de poder e decisão, ainda estando pouco presentes nos postos diretivos na administração pública.  Porém, é entre estas carreiras e cargos que estão as ocupações relacionadas à formulação e implementação de políticas públicas, e ao poder de decisão sobre os rumos das mesmas.

Apesar da importância dessa representatividade, não temos documentada a proporção histórica de mulheres do Ipea que ocuparam cargos de direção e assessoramento no próprio Ipea e outras instituições do governo federal. O Ipea produziu um texto para discussão que discute essa representavidade na carreira de Especialistas de Políticas Públicas e Gestão Governamental, mas ainda não foi realizado nenhum estudo dessa mesma natureza sobre a própria Instituição. Além disso, a própria representatividade junto a Associação e ao Sindicato de Funcionários do Ipea precisa ser ampliada. A proporção de mulheres nos cargos de direção é pequena e nenhuma mulher assumiu a Presidência da Afipea.

É preciso enfrentar os processos de desvalorização das mulheres no ambiente de trabalho, inclusive no setor público, para que estas tragam, para os mais altos níveis decisórios, a experiência de gerações de mulheres que cuidaram dos outros, e que lutaram e continuam lutando por um país menos desigual e mais justo.

Enfrentamos o desafio de fazer isso num momento em que o distanciamento social se impôs, em que o papel da mulher volta a ser questionado pública e politicamente. Um momento em que os retrocessos são visíveis e que as funções de cuidado nos domicílios recaíram ainda mais sobre as mulheres. Apesar disso, iniciamos um processo de construção coletiva. Isso, em si, já é algo para marcarmos nesse 08 de março.

Vamos juntas!

Mulheres na Afipea