Entraremos em profunda recessão e a saída é abandonar a cartilha liberal imediatamente - Afipea

Entraremos em profunda recessão e a saída é abandonar a cartilha liberal imediatamente

Entraremos em profunda recessão e a saída é abandonar a cartilha liberal imediatamente

Rudá Ricci*

A decisão da Gol em cancelar voos internacionais até fim de junho da a dimensão da recessão que vai no engolir.

Talvez, a maior recessão da nossa história. Maior que a depressão de 1929. Muitos autônomos passarão fome se não forem implantadas medidas sociais compensatórias. O cenário é ainda pior com a precarização do mercado de trabalho provocada por reformas irresponsáveis.

Cidades pequenas, cuja vida econômica depende do comércio e serviços, caminharão para uma situação dificílima. Lembremos que 60% dos nossos municípios dependem de recursos públicos (pensões, aposentadorias, Bolsa Família, BPF).

É hora de refutarmos o discurso liberal em nosso país. O momento exige um Estado forte, interventor, que pacifique a sociedade, crie um sistema de segurança e sobrevivência social e defina hábitos individuais protetivos.
Afrânio Silva Jardim, mestre e livre-docente em Direito pela Uerj apresentou uma agenda básica para o momento, que passo a socializar aqui:5) Afrânio sugere: “Justiça social, humanismo, educação, cultura e ciência são a salvação para as futuras gerações. Mais Estado Popular. Mais democracia. Mais distribuição da renda nacional. Menos cobiça, menos ganância, menos mediocridade e menos concentração de rendas”.

Guilherme Boulos divulgou uma agenda que parece ser de uma frente de entidades: a. Revogar o Teto de Gastos; b) Suspender os despejos durante a pandemia; c) Plano de garantia de emprego dos trabalhadores formais; d) Benefício emergencial para os informais; e) Anistia de contas de água, luz e gás na crise. Esta última, especificamente, está sendo adotada em vários países da Europa.

Os EUA planejam pagar US$ 1.000 diretamente aos cidadãos do país para aliviar as consequências da crise na vida daqueles que precisarem ficar em isolamento para conter a disseminação do vírus. Isso é tudo, menos liberalismo.

Reino Unido e França emitiram decretos estendendo a licença médica para trabalhadores que não estejam doentes, mas estejam em quarentena por recomendação das autoridades. Portugal, governada pela esquerda, suspendeu totalmente as aulas, e os trabalhadores que precisarem ficar em casa para cuidar de filhos menores de 12 anos vão receber dois terços do salário. Desse valor, um terço será pago pelo governo.

Ainda Portugal: Trabalhadores autônomos vão receber do governo uma ajuda financeira para enfrentar a queda na atividade econômica por causa da pandemia. O benefício vai durar por até seis meses, no limite máximo de 438,81 euros (R$ 2,406,30) por mês.

Sejamos claros: os liberais não têm propostas para enfrentar esta monstruosa crise mundial. É a esquerda que tem. Os governos liberais mais inteligentes já estão dando sua guinada, como na França. Paulo Guedes tem que ser substituído quando ainda há tempo.

*Rudá Guedes Moisés Salerno Ricci é um cientista político formado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo na década de 80. Mestre em Representação Sindical no Brasil pela Unicamp e Doutor em Ciências Sociais pela mesma instituição.