Nota de Solidariedade aos parentes e amigos de Bruno Pereira e Dom Philips

Nota de Solidariedade aos parentes e amigos de Bruno Pereira e Dom Philips

Conscientes de que não há palavras possíveis de consolo nesse momento de dor, a Afipea – Associação dos Funcionários do Ipea – vem expressar, aos parentes e aos amigos de Bruno Pereira e de Dom Philips, o seu profundo pesar e revolta pelo desaparecimento de dois defensores da coletividade humana e da pluralidade da nossa própria espécie. Repudiamos a escalada da barbárie que ocorre diante de nossos olhos e direcionada às vozes historicamente marginalizadas e discriminadas em nosso país.

Por meio de fatos expressos em nossas publicações recentes, mostramos o desmonte das instituições que tratam da questão indígena e da questão ambiental no país e manifestamos nossa discordância com a forma que esses temas e outros mais tem sido conduzidos na gestão atual. Assim como repudiamos discursos que relativizem a dor, as perdas e legitimem qualquer opção de desenvolvimento construída à base do sofrimento, de lágrimas e do derramamento de sangue.

Como servidor público, Bruno era exemplar na sua área, respeitado pelos colegas, colaborava com a boa imagem da instituição para a qual servia, a FUNAI. No processo bem descrito pelo livro da Afipea sobre assédio institucional, a FUNAI foi subjugada por aqueles que deviam fomentá-la e Bruno foi destituído de seu posto. Pensando na gravidade desta destruição das instituições que existem para preservar direitos coletivos e difusos, preocupados com o sucateamento do Estado, a Afipea criou o Assediômetro, onde colecionamos, com parceiros de organizações de servidores de diversas instituições públicas e da academia, com a intenção de colocar números na denúncia desse processo.

Mesmo com esse monitoramento, mesmo que saibamos que esse processo leva ao desastre, quando nos deparamos com seu resultado é impossível segurar a emotividade, a tristeza mais profunda, de ver que além de indígenas, além do nosso próprio ambiente, além dos mais vulneráveis, se vão, também, aqueles que lutam para defendê-los.

Por fim, somos solidários à luta de Bruno Pereira e de Dom Philips e esperamos que suas vozes continuem a ecoar.

NOTA PÚBLICA EM SOLIDARIEDADE.